Rua Halfeld e a arquitetura de Juiz de Fora

Já parou para pensar em como a arquitetura é capaz de contar a história de um lugar? Quantas vezes nos deparamos com a modernidade dos traços de Oscar Niemeyer, por exemplo, e percebemos como seu desenho foi feito pensando no progresso, vide o conjunto arquitetônico da Pampulha, com a Casa Kubitschek, a Casa de Baile e a Igrejinha de São Francisco de Assis. 

Em Juiz de Fora, uma das ruas principais chamada de Rua Halfeld é símbolo de grandes mudanças arquitetônicas ao longo do tempo. A autora Flora Vidal Alvarenga  mostra em “A rua Halfeld: a arquitetura urbana do fim do século XIX até 1930 em Juiz de Fora” o princípio da rua, que em 1878 já era calcetada com macadame e que, em 1881 já contava com o serviço de bondes e com luz elétrica a partir de 1889. Embora a urbanização da cidade chegasse rapidamente, as construções ainda eram de pau-a-pique e somente com a virada do século é que isso foi mudando e as construções ganharam forma de prédios inspirados no progresso visto e incentivado nas capitais como Belo Horizonte e Rio de Janeiro. 

Na década de 30 e 40, a rua Halfeld acabou passando por uma reforma em que muitos prédios foram demolidos e deram lugar a edifícios altos e “sem preocupação estética”. Atualmente, prédios como o do Theatro Central e do Anfiteatro João Carriço permanecem de pé e um extenso “calçadão” dá lugar aos pedestres que passam pelo centro comercial da rua. 

O curioso, entretanto, é que Juiz de Fora, embora tenha sido elevada à cidade em 1850 e se separando de Barbacena, não preservou características arquitetônicas das cidades coloniais que tinha à sua volta. De acordo com estudos feitos pela Prefeitura da cidade: 

“Juiz de Fora, cidade do século XIX, em estreita vinculação com o dinamismo do Rio de Janeiro, não participou da cultura colonial mineira. Seu desenvolvimento industrial, pautado pela modernização capitalista, trouxe para a cidade, além de apitos das fábricas e da luz elétrica, o desejo de civilizar-se nos moldes dos centros europeus. Seus teatros, cinemas e intensa atividade literária refletiam a vontade de criar uma nova imagem para a cidade, fugindo à tradição escravista”. 

Essa vontade em acompanhar a modernização contribuiu para que Juiz de Fora, hoje grande pólo comercial e cultural de Minas Gerais, acompanhasse as tendências arquitetônicas de cada época em que passou por reformas, causando abertura para abrir um contingente de pessoas muito diversificado, o que enriqueceu ainda mais a cidade. 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, Flora Vidal. A rua Halfeld: a arquitetura urbana do fim do século XIX até 1930 em Juiz de Fora. Juiz de Fora (MG): [Prefeitura Municipal de Juiz de Fora], 1987. 16 p.

PREFEITURA MUNICIPAL DE JUIZ DE FORA. A cidade: História da cidade. Juiz de Fora, 2021. Disponível em: https://pjf.mg.gov.br/cidade/historia.php Acesso em: 25 junho 2024.

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