Morrer é com os vivos.
Chorar é com as nuvens.
Saber é com os livros.
Separar é com as margens.
Voar é com as pedras.
Pisar é com os pés.
Piscar é com as pálpebras.
Calar é com a voz.
Morder é com os dentes.
Durar é com o tempo.
Lembrar é com os elefantes.
Soprar é com o vento.
Ver é com os gatos.
Mascar é com as cabras.
Assustar é com os ratos.
Desdobrar-se é com as cobras.
Tatear é com os cegos.
Roer é com os esquilos.
Ouvir é com os morcegos.
Ouver é com os crocodilos.
Nascido em 14 de setembro de 1960, em Belo Horizonte, Ricardo Aleixo é um poeta que transporta sua arte em várias formas: em poesia, apresentações audiovisuais, músicas, cenas… Sua paixão pelas palavras o torna um autor único.
Além de poeta, Ricardo também é músico, artista visual e pesquisador intermídia. Durante sua vida foi professor na Fumec, curador do Festival de Arte Negra e da Bienal Internacional de Poesia em Belo Horizonte. Foi membro da Sociedade Lira Eletrônica Black Maria, da Companhia Será quê? e do Combo de Artes Afins Bananeira-Ciência.
Suas produções abordam temas sociais e políticos. Segundo ele, “o desastre que é a experiência brasileira, do ponto de vista dos descendentes de africanos e dos pobres em geral, faz de boa parte desses poemas, a um só tempo, testemunhos e exercícios de resistência ativa, de celebração da vida não-fascista e do poema como um estado do pensamento e possível respiração.”
Suas obras publicadas incluem: “Festim” (1992); “A roda do mundo” (1996), com Edmilson de Almeida Pereira; “Quem faz o quê?” (1999); “Trívio” (2001); “Máquina Zero” (2004); “Pesado demais para a ventania: antologia poética” (2018); “Extraquadro” (2021); “Campo Alegre” (2022); e “Sonhei com o anjo da guarda o resto da noite: vidapoesia” (2022).
REFERÊNCIAS
ALEIXO, Ricardo. Pesado demais para a ventania: antologia poética. São Paulo: Todavia, 2018. 195 p.
DUARTE, Constância Lima. (Org.). Ricardo Aleixo. In: Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 374 p.