Por trás das câmeras: Turismo cinematográfico nas Gerais – Por Julia Cunha e Christianne Gomes

A pesquisa “Por trás das câmeras: Turismo cinematográfico nas Gerais” analisa 10 filmes apoiados pelo Programa Filme em Minas, criado em 2004 pela Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais. No período em que esteve vigente, o programa apoiou 140 produções audiovisuais, incluindo longas-metragens, curtas, animações e documentários.

Motivada pela relevância dos filmes gravados em Minas Gerais, a pesquisa investiga o turismo cinematográfico, fenômeno onde locais exibidos em filmes atraem visitantes. A iniciativa, apoiada pela FAPEMIG e pelo CNPq, foi coordenada pela professora Christianne Luce Gomes na Universidade Federal de Minas Gerais, com uma equipe de pesquisadores: João Lucas Campos, Jonas Florêncio Carvalho, Joyce Kimarce Pereira e Julia Drumond Cunha. 

O estudo analisou 10 filmes financiados pelo Programa Filme em Minas e entrevistou os diretores de sete deles. Observou-se que os filmes destacam diversas paisagens urbanas e rurais de Minas Gerais, incluindo cidades históricas e áreas da periferia de Belo Horizonte, que geralmente são negligenciadas pelo turismo tradicional.

Destaque para cidades históricas: “Estrada real da cachaça” (Mariana), “Sonhos e desejos” (Ouro Preto e Congonhas), “Vinho de rosas” (Vila Rica/Ouro Preto) e “O segredo dos diamantes” (Serro). Helvécio Ratton, diretor deste último, escolheu Serro para retratar locais raramente vistos em produções cinematográficas.

As montanhas mineiras e a famosa hospitalidade mineira também foram evidenciadas, embora com uma perspectiva crítica sobre a perpetuação de papéis tradicionais de gênero. coube às atrizes papel de anfitriãs e se encarregaram das funções de receber e hospedar, mesmo quando essa responsabilidade poderia ser partilhada, nos filmes, com algum personagem masculino.

O filme “Baronesa” mostrou uma realidade diversa, ajudando a compreender a soleira da porta não apenas como um divisor  da casa para a rua, mas como um local para a hospitalidade. No cotidiano da periferia, neste espaço ocorrem situações de acolhimento e partilha de comida, conversas e cotidiano.

A gastronomia típica de Minas Gerais, como o pão de queijo, aparece em todos os filmes, simbolizando trocas culturais e sociais. As práticas de lazer, envolvendo adultos e crianças, são amplamente representadas, incluindo até mesmo o uso recreativo de substâncias ilícitas em filmes gravados em Belo Horizonte.

Ao entrevistar os diretores foi perceptível o impacto econômico que as produções audiovisuais geraram nas cidades mineiras onde foram gravadas, mas alguns deles comentaram que os serviços prestados localmente, em especial a hospedagem, foram insuficientes ou estavam aquém das demandas das equipes de produção e elenco dos filmes. A maioria dos diretores acreditam estar divulgando o Estado de Minas Gerais.

Saiba mais em:

https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/rosadosventos/article/view/9550/pdf
https://periodicos.univali.br/index.php/rtva/article/view/17626
https://periodicos.univali.br/index.php/rtva/article/view/17882
https://www.tandfonline.com/doi/epdf/10.1080/02614367.2023.2215469?needAccess=true

 

 

Julia Drumond Cunha é doutoranda no programa de pós graduação em Estudos do Lazer, focada no estudo da representação da mulher no cinema. Mestre em Estudos Interdisciplinares do Lazer (UFMG) e Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela UFMG. Pesquisadora do grupo de pesquisa LUCE – Lazer, Cultura e Educação. E-mail: juliadrumondcunha@gmail.com

Christianne Luce Gomes Ph.D. em Educação, Pós-doutorado em Turismo. Professora Titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Editora da Revista Brasileira de Estudos do Lazer. E-mail: chris@ufmg.br

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