Os “segredos” poéticos de Alaíde Lisboa de Oliveira

“A influência que a poesia pode exercer nas crianças ou nos adolescentes é de uma força a toda prova. As revelações poéticas envolvem a alma. Não são lições, são conceitos, são sentimentos que penetram a alma através das emoções, provocadas pela expressão artística, manifestadas pela forma e pela essência da composição poética. A poesia revela à criança as menores vibrações da alma, as pequeninas delicadezas que envolvem a natureza humana, em si mesma e nas suas relações universais, fazendo-a sentir a plenitude da vida.”

 

Esse é um dos “segredos” revelados por Alaíde Lisboa que demonstram sua ligação com a literatura e a educação. Os “segredos” de sua forma de entender a vida a partir da relação entre a poesia e o ensino foram trabalhados de maneira fenomenal por Francisco Marques Vírgula Chico dos Bonecos em “Quando o segredo se espalha: (a poesia em voz alta): Alaíde Lisboa de Oliveira”; uma entrevista que ele fez à professora Alaíde e que transformou em uma peça radiofônica.

Alaíde Lisboa de Oliveira nasceu em 22 de abril de 1904 em Lambari (MG). Tendo vivido a maior parte de sua vida em Belo Horizonte, ela foi escritora, educadora e política. Além de ter se tornado a primeira vereadora de Belo Horizonte em 1950, Alaíde também integrou a Academia Mineira de Letras e exerceu papel importante na área de educação através de sua função como acadêmica na Faculdade de Educação da UFMG. Alaíde publicou cerca de 30 obras entre livros e artigos. Seu primeiro livro “O bonequinho doce” foi lançado na década de 1930. Um dos seus maiores sucessos foi sua segunda obra “A bonequinha preta” em que subverte o padrão da época e cria uma boneca fora dos padrões “brancos de olhos azuis” que via.

No livro de Francisco Marques Vírgula Chico dos Bonecos, Alaíde é posta de maneira muito bem humorada e a “entrevista” se dá levemente através das páginas. O resgate da vida da professora feito por Chico dos Bonecos torna tudo excepcional. Eles falam de memórias e do tempo em que Chico fora seu aluno, inclusive no dia em que ele declamou o poema “Segredo” de Henriqueta Lisboa para toda turma. Discutem, ainda, sobre pedagogia e as formas de ensinar as crianças tomando como ponto de partida o estudo de poesias e como seu uso em sala de aula pode ajudar a construir a identidade das crianças. Alaíde arremata:

“A imaginação infantil, que é de uma exuberância admirável, encontra na poesia uma satisfação que surpreende. O seu mundo interior cresce ao contato com o mundo dos poetas, revelado na riqueza dos ritmos e das imagens. A poesia é um caminho que leva para uma escalada espiritual: alimenta nosso desejo de beleza, reanima os valores da vida, fortalece a nossa vontade de subir, subir alto, bem alto.”

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barbosa, Amanda Ribeiro. “Faço minha estrela sem apagar a aua”: a brilhante trajetória de Alaíde Lisboa de Oliveira. Revista da Academia Mineira de Letras, Belo Horizonte, v.80, n.99, p. 103-111, 2020.  Disponível em: https://academiamineiradeletras.org.br/wp-content/uploads/2021/12/REVISTA-DA-AML-80-VERSAO-ELETRONICA-11-2021.pdf Acesso em 13 jun de 2024.

OLIVEIRA, Alaíde Lisboa de. Quando o segredo se espalha: a poesia em voz alta. São Paulo: Peirópolis, 2013. 77 p.

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