Os bondes em Belo Horizonte

Se você já visitou o Museu Histórico Abílio Barreto deve ter notado por lá, no jardim, um bonde. Belo, imponente e bem conservado, o bonde elétrico circulou na cidade de Belo Horizonte durante a década de 1960, mas você sabia que eles chegaram aqui no começo de 1900? 

Com a construção de Belo Horizonte no final do século XIX, surgiram muitas especulações acerca do transporte coletivo na nova capital. Houve conversas sobre veículos com tração animal, mas só em 1902 foi que os bondes elétricos finalmente começaram a funcionar. Chegaram 4 bondes com capacidade para 32 pessoas cada um que cumpriam o itinerário passando pela Praça da Estação, rua Ceará, Mercado e outros pontos dentro da Contorno. No dia da inauguração, o engenheiro Júlio Viveiros Brandão, como condutor, junto com sua esposa (cujo nome não é citado pelas fontes), como motorneira, levaram funcionários da prefeitura junto com seus familiares para o primeiro passeio. 

Em 1909, a prefeitura fez a primeira concessão para anúncios e essas foram algumas das peças publicitárias da época: 

“Veja, ilustre passageiro,

O belo tipo e faceiro

que o senhor tem a seu lado.

E, no entanto, acredite,

quase morreu de bronquite.

Salvou-o o Rhum Creosotado.”

 

“Rim doente? 

Tome Urodonal. E viva contente”

 

“Para as dores de cabeça, 

para as dores em geral

meu amigo não esqueça: o remédio é Melhoral.”

 

Ao longo das décadas, os bondes de BH transportavam cada dia mais gente. Em 1910, chegaram a levar 1000 passageiros por dia. Também neste ano, já circulavam cerca de 37 bondes na cidade que tinha cerca de 30 mil habitantes. Neste ano também chegava a Belo Horizonte os pais do senhor Jair, um simpático morador do bairro Santa Efigênia que foi condutor de todas as linhas dos bondes tendo trabalhado grande parte de sua vida no meio de transporte que marcou a memória de milhares de belo-horizontinos. O Sr. Jair foi entrevistado pelo jornalista Luís Góes, que escreveu o livro “O bonde: a história do seu Jair, um condutor de bondes”, livro carregado de lembranças do antigo trabalhador e de fontes históricas dos arquivos. 

Os bondes marcaram uma geração antes de caírem em desuso com o advento dos trólebus – um tipo de ônibus elétrico que não necessita dos trilhos e se alimenta por um cabo de força. Os bondes imprimiram novos costumes e novas culturas na vida dos mineiros, criando, inclusive, novas expressões linguísticas como “de bonde com alguém” para dizer que se está namorando uma pessoa. E você, qual a sua história com os bondes? 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GÓES, Luis. O bonde: a história do seu Jair, um condutor de bondes. Belo Horizonte: Editora Luis Góes, [199-?]. 127 p.

LAGE, Júlio César Felipe. Tempos interessantes: de bonde por BH. Bello Horizonte: Agentes da Imagem, 2018. 92 p.

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