O Morro do Ouro… Paracatu

“O morro desaparece…

Violado

Dilacerado

Pisoteado impiedosamente

No cortar constante de máquinas engenhosas.

A ordem é sugar

O último vintém do grande cofre…” (Ulhoa, 1999, p. 14)

 

O “morro do ouro” diz respeito à região do Vale do Paracatu, a última zona aurífera descoberta pelos bandeirantes no século XVIII. A cidade que já vinha se estruturando desde muito antes da chegada de Felisberto Caldeira Brant e José Rodrigues Frois, em 1744, mas com a exploração do ouro, se desenvolveu mais rapidamente, mesmo após a escassez do ouro, se dedicou às atividades agropecuárias e conseguiu se tornar, atualmente, um pólo cultural e tecnológico. 

O poema acima foi escrito por José Joaquim Costa Ulhoa, mais conhecido como Zeca Ulhoa, autor do livro “Duas histórias: uma vida”. Zeca nasceu em Paracatu em 1928 e, por toda sua vida, se dedicou à comunidade paracatuense com o Jóquei Clube Paracatuense e o União Esporte Clube. Seu livro discorre, assim, sobre a história da cidade e também do Jóquei Clube, mostrando como a vida dos dois está intimamente ligada, promovendo ao mesmo tempo, desenvolvimento para a região.

Ao falar sobre Paracatu, Zeca transparece todo carinho que sente, trazendo fatos históricos, espaços comuns à vida do cidadão de Paracatu e não deixa nada escapar. De figuras curiosas como Carlota Doida à rua da Praça, Zeca Ulhoa fala de tudo, até das parteiras.

Paracatu da meninada nascida e aparada pelas mãos hábeis das parteiras Sá Inês, da Rua da Praça, e Dona Romualda, moradora do lajedo. Este ritual requeria muita água, esquentando no fogão de lenha uma bacia de folha, azeite para fomentar a barriga da parturiente, um cordão trançado de algodão para amarrar o umbigo, tesoura, álcool, pó de fumo torrado, paciência, muita conversa e aguardar logo o grito forte do recém-nascido anunciando sua chegada.

Zeca Ulhoa traz mais que apenas história, ele acaba demonstrando aspectos básicos da cultura de Paracatu que permanecem sendo valorizados. Além de Ulhoa, a cidade produziu muitas mentes como a de Oliveira Melo e Afonso Arinos. Todos, à sua maneira, conseguiram imprimir uma memória que abraça a história de Minas através da escrita. Viva Paracatu de Minas!

 

REFERÊNCIAS

PIMENTEL, Helen Ulhôa. Paracatu: História. Prefeitura Municipal de Paracatu. Disponível em: https://www.paracatu.mg.gov.br/portal/servicos/1001/historia/ Acesso em 23 de out. de 2024.

ULHOA, José Joaquim Costa. Duas histórias uma vida. Vitória: Grafer, 1999. 98 p.

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