Luta e poesia de Miêtta Santiago

“Para Roberto Marinho, Doutor Honoris Causa da VIDA que preenche a humanidade brasileira, cidadão da UNIDADE mundial pela amplitude de sua visão interior de SER sideralizado pela VERDADE, envio este ensaio polêmico-prospectivo em sua retomada de CONSCIÊNCIA retrospectiva… com a esperança de que possa folheá-lo um dia… Com admiração: Miêtta Santiago. 12/81”

Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira foi quem fez essa dedicatória ao jornalista e conhecido fundador da Rede Globo, Roberto Marinho em seu livro “Uma consciência unitária para a humanidade”. Sob o pseudônimo de Miêtta Santiago, Maria Ernestina escreveu algumas obras e é lembrada, principalmente, por sua luta pelos direitos das mulheres ao voto. 

Miêtta Santiago nasceu em Varginha – Minas Gerais, no ano de 1903, e foi poetisa, escritora, sufragista e advogada criminalista. Ela teve primeiro que lutar contra a vontade do pai para seguir o Direito visto que, depois de se mudar para Belo Horizonte, aos 11 anos, e estudar em Escola Normal, o pai queria que ela fosse professora, mas ela insistiu para que estudasse por mais dois anos e pudesse cursar Direito. Na faculdade, Miêtta tem contato com a literatura e vê em si mesma o despertar da escrita. É também na faculdade que ela trava mais uma vez a luta, dessa vez no âmbito político. Após seus estudos iniciais na advocacia, ela seguiu para a Europa por seis meses e teve contato com o movimento sufragista. Ao voltar para o Brasil, Miêtta Santiago percebeu que o impedimento ao voto das mulheres ia contra a Constituição de 1824, em voga naquele momento. Ela então consegue, por vias judiciais, a autorização não apenas para votar como para ser votada. Ela havia se candidatado para Deputada Federal e conseguiu votar em si mesmo nas eleições do final da década de 1920. Tal movimentação jurídica abriu brecha para que a candidatura de  Luiza Alzira Soriano Teixeira fosse aceita e ela se tornasse a primeira mulher eleita no Brasil, sendo prefeita do município de Lajes no Rio Grande do Norte. 

Suas obras, carregadas de idealizações filosóficas, são capazes de gerar no leitor sensações inquietantes de desassossego junto com a necessidade de se movimentar para mudar o mundo. Em “7 poesias”, Miêtta declama:

Não cantarei a História.

Heróis eu não cantarei.

A VIDA não tem memória.

Sou Liberdade criando.

No chão do corpo atirada

não cantarei a miséria,

nem a opulência .

Entre a energia e a matéria

sou-Tempo-Em-Futurescência.

– Só o Futuro eu cantarei!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOTECA PROF. DR. LYDIO MACHADO BANDEIRA DE MELO. Semana Internacional da Mulher: Mietta Santiago. Belo Horizonte: Faculdade de Direito UFMG, 03 de março de 2020. Disponível em: https://biblio.direito.ufmg.br/?p=1682 Acesso em: 06 junho 2024.

SANTIAGO, Miêtta. Uma consciência unitária para a humanidade. Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você Editora Ltda, 1981. 88 p.

______. As 7 poesias. Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você Editora Ltda, 1981. 277 p.

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