O dia 26 de julho marca um dia que nos remete, quase instantaneamente, a cheirinho de bolo de fubá, cafezinho e um abraço carinhoso junto a conselhos maternais. O dia dos avós é usado para nos lembrarmos e homenagearmos aqueles e aquelas que cuidaram de nós sem o peso carregado por nossos pais. Muitos de vocês se lembram de seus avós a partir de alguma comida ou quitanda que só ela faz ou fazia. Alguns são desbocados, afinal, já se poliram por tempo demais… outros mais religiosos… outros gostam de tricotar e assim vai… A minha vó vem sempre em minha mente com uma cantiga que ela me disse que gostava quando eu ainda era bem criança. E é mais ou menos assim:
Ô jardineira, por que está tão triste?
Mas o que foi que aconteceu?
Foi a Cornélia que caiu do galho
deu dois suspiros e depois morreu
A cantiga tragicamente cômica era entoada pela voz baixa e fina de minha avó e agradeço minha memória por não ter apagado este momento. O curioso é que em relação a comida, que é o mais comum ao lembrar de avós, eu apenas me recordo dela ordenando “Vai na garrafa” quando ia na casa dela, ordenando que eu tomasse um cafezinho. Todos que lá passavam tinham uma parada obrigatória “na garrafa”.
Enfim, lembrar dos avós geralmente é um convite para encher a boca de água recordando das boas receitas que já experimentamos. Foi assim que surgiu o livro “As melhores receitas da cozinha mineira: os segredos da cozinha das nossas avós” que conta com deliciosas receitas (e fotografias) de “tudo quanto há”: tem tropeiro, broinha, pão de queijo, tutu de feijão, galinhada, frango com quiabo, doce de mamão verde, ambrosia e… bom, melhor parar por aqui antes que eu fique com fome… ou deixe vocês com mais vontade.
O querido livro de receitas além de trazer as delícias mineiras, também conta com algumas receitinhas de outros estados brasileiros mostrando a riqueza culinária de nosso país que, com contribuições de vários povos, consegue agradar o paladar do mundo todo.
Ah.. mas e o segredo das receitas? Para isso, vocês precisam ler o livro e, principalmente, colocar o ingrediente que deixa qualquer prato especial: o afeto. As comidas de nossos avós pode até não ter lá tanta “chiqueza” ou tantos “afrancezamentos”, mas o que nos faz lembrar desses momentos em que a refeição foi maravilhosa é menos o prato e mais a partilha de risadas e, fundamentalmente, o amor. Homenageie seus avós hoje e se eles já se foram, que tal ver o livro de receitas e preparar uma comidinha do jeitinho que eles gostavam?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O GOSTO brasileiro: as melhores receitas da cozinha mineira: os segredos da cozinha das nossas avós. São Paulo: O Globo, 1995. 79 p.