Aracy Miranda e as lembranças de sua mãe

Sempre gostei muito de ler. Chego a ficar penalizada ao pensar nas pessoas que não adquiriram esse hábito tão saudável que nos permite, dentre outras coisas, viajar para as terras mais longínquas, sem sair do aconchego do lar, informar-nos sobre os avanços da ciência nas mais diversas áreas do conhecimento humano e principalmente, adquirir conhecimentos com as experiências das pessoas que nos antecederam” p.16

É assim que Aracy Miranda Costa inicia o livro “Lições de vida de uma mulher além do seu tempo”: o livro em que narra a história de sua mãe, Dona Áurea mostrando toda determinação, coragem e amor, ao criar junto de Aracy, os dez filhos.

Aracy Miranda Costa nasceu em São João Evangelista, MG, e contribuiu muito para a educação mineira. Ela se formou em Administração Escolar no Instituto de Educação Básica de Minas Gerais e também fez licenciatura em Artes Industriais em Betim e foi professora da 1ª a 8ª série, além de ter trabalhado na Secretaria de Educação por 12 anos até se aposentar.

O tipo de narrativa de Aracy, o estilo biográfico, é bastante comum, o que lhe dá destaque, porém, é sua intenção em contar a história de sua mãe e resgatar a memória dela que já ia se perdendo devido o acometimento da Doença de Alzheimer. Aracy busca então, escrever sobre a mulher que lhe deu a vida de forma espetacular. A escrita fluida e generosa traz Dona Áurea em todos os seus momentos: desde o nascimento, passando pelas contendas em arrumar um marido e tendo pretendentes ora escorraçados pelo pai ora sendo despachados por ela.

A avó de Aracy, diante de tanto descontentamento da filha, chegou a dizer:

Áurea, não sei o que você quer que possa ser melhor que esse moço. Não se esqueça de que você é uma moça feia e pobre, e que, além disso, já está ficando velha. Trate de dar graças a Deus por você ainda conseguir pretendentes! Quantas moças da cidade diriam qualquer coisa para conseguir um noivo tão bom quanto os que você rejeita! Se você continuar com essas “ideias de jerico” vai acabar “ficando pra titia””. (p.44)

Áurea, no entanto, enfrentou os pais e disse que faria seu próprio destino. Foi quando chegou o futuro marido: “Chiquinho”, um moço com quase 35 anos que, embora fosse muito bonito e de boa família, era pobre. Mas eles se casam e vivem bem, apesar dos obstáculos da vida até que a morte os separou. Aracy conta então sobre os tempos de viuvez da mãe, sua religiosidade e as mudanças para outras cidades, como Belo Horizonte e Ipatinga. Além de tudo isso, a autora conta como estão os irmãos e Dona Áurea no tempo de publicação do livro e encerra a homenagem à mãe que tanto lhes amou contando as heranças vivas que Dona Áurea deixou.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Aracy Miranda. Lições de vida de uma mulher além do seu tempo. Belo Horizonte: Betânia, 2006. 239 p.

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