Se você passou pela Praça da Estação nos últimos meses, você percebeu que o cenário está um pouco diferente, não é mesmo? A reforma faz parte do projeto municipal “Centro de Todo Mundo” e, assim como boa parte dos moradores desta capital, estou curiosa para o resultado final da obra. Mas, aliás, você conhece a história da Praça da Estação? 

A comissão Construtora da Capital, liderada por Aarão Reis, pensou a Praça da Estação ainda em 1895 e, inicialmente, ela seria cortada pelo Ribeirão Arrudas, mas os planos foram modificados e ao longo dos anos vimos a praça abrigar novos meios de utilização do seu espaço e de suas fontes. Quem aí não se lembra da famosa “Praia da Estação”? 

Mas nem sempre a Praça da Estação foi conhecida por esse nome. Em 1914, ela carregava o nome de Christiano Otoni, o engenheiro e político que havia sido o primeiro presidente da Estação de Ferro Central do Brasil (EFCB). Em 1923, ela ganhou o nome de Praça Rui Barbosa em homenagem ao jurista falecido naquele ano. Mas não adiantou e o lugar sempre foi conhecido como Praça da Estação e integra o Conjunto Paisagístico e Arquitetônico da Praça Rui Barbosa junto com seus jardins e esculturas, além do viaduto Santa Tereza. O conjunto foi tombado em 1988 no âmbito estadual e dez anos mais tarde pelo projeto municipal. 

Nesses mais de 100 anos de história, a Praça da Estação passou por muitas experiências. Em 1916, por exemplo, recebeu a ilustre presença de Olavo Bilac que chegava à capital mineira pelos trilhos ferroviários. Além de testemunhar a contribuição para a locomoção das pessoas, a Praça da Estação viu o seu entorno ganhar mais vida ao passo que as empresas ferroviárias construíam casas para seus funcionários a partir da Avenida do Contorno em direção ao bairro Lagoinha. 

Nem toda a história da Praça conta com glórias e, na maioria das vezes, os ideais de planejamento urbano e as necessidades da população sofreram alguns impasses, refletindo inúmeros obstáculos e más escolhas de infraestrutura. 

“Dentre eles, podem ser citados: a prevalência do transporte individual sobre o público no uso do sistema viário; a supremacia do transporte rodoviário sobre outros modais de transporte; a perda de espaço do pedestre para os veículos; a crescente incompatibilidade da sociedade com o ribeirão Arrudas, que exigia obras de transposição, e impunha à população as consequências do seu histórico descaso com os cursos d’água – o mau-cheiro, os focos de doenças e as constantes enchentes” p. 19.

Ainda que a Praça da Estação esteja enraizada à História de Belo Horizonte, poucos a conhecem e têm ciência do seu potencial cultural. Hoje ela abriga não apenas a Estação Central do Metrô, como a Estação de Belo Horizonte na linha férrea que liga Minas à Vitória, como também o Museu de Artes e Ofícios – importante marco para as mãos que construíram essa grande capital.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELO HORIZONTE. Arquivo Público da Cidade. Representações do conjunto da Praça da Estação no acervo do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura, 2019. 55 p. (O Arquivo e a Cidade ; 6).

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