A imaginação e as trovas de Conceição Abritta

Imagine você ainda criança, junto de seu irmão maior, durante dias muito chuvosos acaba se deixando levar pela curiosidade em meio ao tédio diante de uma oportunidade de abrir um antigo baú do quarto de sua mãe que, até aquele dia, você nunca pôde olhar? Tentador não é mesmo?

É assim que Carlinhos e Sérgio se encontram no início do livro “O baú que contava histórias” escrito por Conceição Parreiras Abritta. A historinha infantil se desdobra no descobrimento de um diário escrito pela mãe quando ela ainda tinha 9 anos de idade e ela passa a contar todas as suas aventuras acriançadas como a ida a um casamento na roça no qual seus pais eram os padrinhos e narra os costumes da festa como a exibição de um biscoito de polvilho enorme para mostrar que a festa teria muitos “comes e bebes”.

Assim é a imaginação de Maria da Conceição Antunes Abritta, essa professora, escritora, contista e poeta nascida em Crucilândia em 19 de dezembro de 1941. Sua estreia na literatura se deu com seu livro “De braços dados com a saudade” (1987), tratando em contos dos encontros e desencontros do cotidiano. Em 1999 ela publicou o livro de contos “Janelas ao vento” e ao longo de sua vida ela publicou “Frasco de Cristal”, “Canto das águas”, “O portal das rosas”; “O baú que contava histórias”; “Descortinando alvoradas”; “Belo Horizonte, nossa capital”, entre outros. 

A autora participa da União Brasileira de Trovadores, da Associação Feminina do Ministério Público, da Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras, da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e foi presidente da Academia Feminina Mineira de Letras em 2010 e em 2011. Além disso, Abritta teve poemas traduzidos para a França e para a Itália e foi reconhecida recebendo os seguintes prêmios:Prêmio Jogos Florais, Concurso de Trovas, e o grêmio João Alphonsus da Academia Mineira de Letras. 

Conceição e seu marido, Luiz Carlos Abritta contribuíram muito para o incentivo às trovas em Minas Gerais e Conceição tem um livro inteiramente de trovas, que é o “Portal das rosas: trovas”. Nele, ela escreveu trovas líricas, filosóficas, humorísticas, históricas, de natal, juninas, e ainda fez homenagens à cidade em que nasceu. Ela diz:

 

Guardei-te em minha lembrança

-Crucilândia, feita a cores – 

canteiros verde-esperança

de tua praça com flores.

 

Crucilândia, minha terra,

lindos sonhos… mocidade,

céu azul em meio à serra…

Pranteia a voz da saudade.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABRITTA, Conceição Parreiras. Portal das rosas: trovas. Belo Horizonte: EMIL Editora LTDA, 2003. 66 p.

ABRITTA, Conceição Parreiras. O baú que contava histórias. Belo Horizonte: Armazem de Ideias, 1998. 98 p.

DUARTE, Constância Lima. (Org.). Conceição Parreiras Abritta. In: Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 374 p.

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