Acho que podemos recapitular um pouco do que já vimos até aqui sobre a história de Belo Horizonte. Sabemos que no final do século XIX, a Comissão Construtora da Nova Capital não mediu esforços para planejar uma cidade nivelada estruturalmente aos grandes centros urbanos internacionais. Isso fez com que a cidade tivesse ruas largas, muitas árvores e uma grande avenida contornando todo o “centro” em que as elites mineiras moravam. Vimos que isso fez com que os operários que construíram a capital ficassem às margens da Avenida do Contorno, ocupando bairros como o Sagrada Família, por exemplo. Certo? Conseguiu se lembrar?
Mas se os operários que construíram a cidade ficaram às margens, o que houve com quem provia para a cidade? Em outras palavras, quem plantava os alimentos que mantinham a Capital em movimento?
Foi a partir disso que se originou a atual região noroeste da cidade. Mais precisamente, com a ex-colônia Carlos Prates, onde hoje ficam os bairros Carlos Prates e Pedro II, onde moravam as famílias de colonos que, com suas atividades agrícolas, sustentavam Belo Horizonte. Para a rega das plantações, dois caminhos aquíferos contribuíram para o crescimento dos alimentos: o Córrego do Pastinho e o Ribeirão Arrudas. Bom, este último a gente conhece há tempos, não é mesmo? Quem é que não se lembra da grande enchente em 1923? Aliás, infelizmente é comum que parte do Ribeirão Arrudas transborde até os dias atuais – o que aponta para um problema estrutural grave que necessita de atenção do poder público…
Mas enfim, voltando à ex-colônia Carlos Prates, o Córrego do Pastinho, eventualmente, foi canalizado e deu lugar à Avenida Pedro II. Pois é, você sabia que embaixo daquela avenida tão importante para conectar o centro às outras regiões estaria um córrego que outrora ajudou os colonos com suas plantações?
Na ex-colônia moravam famílias italianas, francesas, portuguesas e brasileiras que, desde 1911, ocuparam a região em busca de trabalho.
Os colonos da Carlos Prates cultivavam, principalmente, batata inglesa, batata doce, cará, abacaxi, alho, cebola e verduras. Porém, podemos notar que, ainda que a colônia fosse destinada à produção agrícola, outros usos se estabeleceram ali, como uma fábrica de tecidos e um curtume (Arreguy; Ribeiro, 2008, p. 18).
Com a canalização do Córrego do Pastinho foi possível que mais famílias se mudassem para a área e isso provocou aumento de novas formas de trabalho. Atualmente, a região noroeste é a que tem mais moradores na cidade. Em 2000, a área contava com cerca de 340 mil habitantes, divididos em seus 49 bairros. O bairro Padre Eustáquio, por exemplo, é cortado pela rua de mesmo nome que anteriormente, sob o nome de Rua Contagem, era o principal meio de conectar a cidade à região metropolitana. E aí, gostou de saber mais um pouquinho sobre Belo Horizonte? Entre em contato com o ICAM e saiba as muitas maravilhas escondidas nesta capital.
REFERÊNCIAS
ARREGUY, Cintia Aparecida Chagas; RIBEIRO, Raphael Rajão. (Coord.). Histórias de bairro [de] Belo Horizonte: Regional Noroeste. Belo Horizonte: Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, 2008-2011. 10v. (Histórias de bairros)