A contagem das abóboras?

Você já deve ter ouvido falar em “Contagem das Abóboras”, não é mesmo? Quem conhece a Região Metropolitana de Belo Horizonte sabe bem que o grande polo industrial de Contagem um dia foi carinhosamente chamado assim. Mas… existia mesmo essa “contagem das abóboras”? 

De acordo com o historiador Miguel Ponsá Bonada, o local onde hoje fica a cidade de Contagem tem mais de três séculos de história, embora sua emancipação tenha se dado apenas em meados do século XX. Ainda no século XVII, o território começou a ser ocupado a partir das bandeiras paulistas, em especial a de Fernão Dias, que traçaram as principais rotas para conectar a capital do país (Rio de Janeiro) a Minas Gerais e a Bahia. O ponto de encontro dessas três rotas era conhecido por “Abobras”, ou Abóboras no português atual, e ali se iniciou uma encruzilhada comercial em que chegavam constantemente mercadorias alimentícias e de mão de obra escravizada. 

Em 1716, devido ao enorme fluxo de pessoas em busca de tratativas mercantis, o Fisco Colonial logo instalou uma unidade de registro fazendo com que o ouro em pó que fosse extraído nas cidades auríferas do entorno, fosse trocado por ouro requintado na Região das Abóboras já descontando “o quinto”. Foi nessa época que a área ficou conhecida como “lugar da contagem” e “Contagem das abóboras”. Esse ponto fiscal da colônia foi desativado na década de 1750 e Contagem entrou em declínio e, logo, muitas pessoas lhe abandonaram e as que ficaram, tiveram que lutar pela sobrevivência com atividades agrícolas. 

Com a decadência da exploração do ouro, no final do século XVIII, os administradores de Minas Gerais se viram na obrigação de tornar as atividades agrícolas e pastoris como principal fundo econômico e foi assim que mais famílias de fazendeiros chegaram à Contagem, onde desenvolveram suas fazendas com maior mão-de-obra escravizada. Para se ter uma ideia, em 1831, o recenseamento geral indicava a presença de apenas 394 brancos enquanto havia 762 escravizados, sendo quase 1400 não-brancos libertos. 

A emancipação de Contagem foi um tanto quanto atribulada, isso porque, em razão de seu desenvolvimento industrial, era necessário se tornar um município, porque até então era um distrito de Esmeraldas, e somente em 1911 foi que o arraial conseguiu se elevar a município, mas em 1940 ela perdeu o posto devido uma rixa política com o então governador Benedito Valadares. Depois de ser distrito de Betim, Contagem reconquistou a emancipação, em 1948, devido ao processo de instalação da Cidade Industrial. Isso também possibilitou o boom de desenvolvimento com o estabelecimento de inúmeras indústrias e a chegada de mais empregos. A cidade em que não se contavam as “abobras” ainda tem um longo caminho pela frente, mas é inegável sua importância cultural, social e econômica para o estado de Minas Gerais! 

 

REFERÊNCIAS

BONADA, Miguel Ponsá. Contagem. POR DENTRO DA HISTÓRIA: revista de educação patrimonial. Contagem (MG): SEDUC, 2009.

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