“A casa” de Emílio Moura

“A vida calou seu ritmo,

seu doce pulsar antigo,

onde, às vezes, de tão plena

não cabia, transbordava

e iria criar mil vidas

em outros planos. Eternos!”

(A casa: xi, p. 44)

 

A poesia de Emílio Guimarães Moura é assim, simples, profunda e marcante. Utilizando de temas recorrentes como o amor, a tristeza e a morte, ele escrevia poemas que traduzem nossas angústias cotidianas. Certa vez, Emílio declarou:  “minha  poesia  não afirma.  Afirmando,  resolveria a  priori  tudo  para  o  leitor.  Interrogando  eu  ponho  o mundo diante do leitor.”

É essa interrogação ao leitor que habita todas as suas obras. Emílio Moura nasceu em 14 de agosto de 1902 em Dores do Indaiá e foi poeta, jornalista e funcionário público. Aos 15 anos, ele conheceu a poesia através de Alphonsus de Guimaraens, Cesário Verde e Antônio Nobre. Mais tarde, em 1925, ele criou em Belo Horizonte, junto com Carlos Drummond de Andrade, o periódico “A Revista”, de grande importância para o cenário modernista mineiro. Além de cursar Direito na UFMG, Emílio Moura também trabalhou em Belo Horizonte como redator do Diário Oficial de Minas Gerais; como secretário do Tribunal de Contas e do Departamento Administrativo de Minas Gerais; como diretor da Imprensa Oficial do Estado; superintendente do Departamento de Educação da Secretaria da Educação; professor de Literatura Brasileira e História na Faculdade de Filosofia, Letras e Artes. Além disso, também foi eleito para a Academia Mineira de Letras. 

Sua primeira publicação é o livro “Ingenuidade”, lançado em 1931. Além deste, outros títulos foram escritos por Moura, como: “Canto da hora amarga” (1936); “Cancioneiro” (1945); “O espelho e a musa” (1949), que ganhou o Prêmio de Poesia do Estado de Minas Gerais; “Poesia” (1953); “O instante e o eterno” (1953); “50 poemas escolhidos pelo autor” (1961); “A casa” (1961); e “Itinerário poético” (1969), que, além de receber o Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro, também foi colocado pelo próprio autor como sua obra definitiva por ser composta de poesias anteriores escolhidas pelo escritor. 

Em uma das edições de “A casa” que se encontram no ICAM, Emílio Moura escreveu a seguinte dedicatória: “Ao caro Ayres da Matta Machado Filho esta velha casa que ficaria bem na paisagem diamantinense. Emílio Moura 16.8.61”, demonstrando como sua “casa” não era bem apenas sua e sim, um conjunto de palavras criadas para chegar em todos os lugares, em especial os lares de nossos corações. 

REFERÊNCIAS

DUARTE, Constância Lima. (Org.). Emílio Moura. In: Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 374 p.

MOURA, Emílio. A casa: poema. Belo Horizonte: Edições Tendência, 1961. 44 p.

SILVA, V. P.; OLIVEIRA, I. V. de. Emílio Moura: Contemplações do poeta-viajante. Texto Poético, [S. l.], v. 8, n. 12, 2013. DOI: 10.25094/rtp.2012n12a90. Disponível em: https://textopoetico.emnuvens.com.br/rtp/article/view/90. Acesso em: 6 ago. 2024.

Compartilhe nas mídias:

As mais lidas:

Pular para o conteúdo