O Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte

D’A Capital, de 14 do corrente, extraímos com a devida vênia, a seguinte notícia referente ao incêndio do quartel em construção deste Estado:

Na noite de 6 do corrente, às 10 horas, foi a população desta capital avisada pelos rebates dos sinos e dos clarins da brigada, na repartição da Política, de que um incêndio se dava.

E, de feito, ao grande clarão e altas labaredas se divisava o novo quartel dominado de pavoroso incêndio. O edifício tocava termo de sua construção, sendo distanciado cerca de dois quilômetros do coração da cidade. Centenas de cidadãos, pressurosos, acudiram ao local.

O jornal “A Capital” assim noticiou o primeiro incêndio ocorrido em Belo Horizonte em 6 de abril de 1898, no ano seguinte à inauguração da cidade. BH ainda não possuía uma corporação de Bombeiros embora a comissão construtora estivesse ciente da vulnerabilidade contra incêndios desde antes de 1897 quando três anos, corresse um ofício solicitando empenho em importar “bombas de vapor” e “bombas químicas” do exterior para o combate ao fogo. À época, os conhecidos extintores de incêndio eram chamados de bombas e em 1896, elas eram carregadas na traseira de um veículo de tração animal . 

O incêndio do dia 6 de abril se deu no Quartel da Brigada Policial e só foi controlado na madrugada do dia 7 com o trabalho de policiais da brigada e civis que ajudaram a conter as chamas. O fogo destruiu parte do edifício e causou apenas danos financeiros sem vitimar nenhuma pessoa. Por outro lado, serviu para chamar a atenção para os jornais e para a governança política dos perigos incendiários possíveis no município. 

Nos anos que se seguiram, inúmeros acidentes entre enchentes, temporais, queda, afogamentos, colisão entre trolys, além claro, de incêndios, foram registrados, mas sem um corpo de bombeiros, as pessoas ficaram à mercê da ajuda de policiais e guarda civis sem treinamento e de pessoas vizinhas que tentavam ajudar. No ano de 1908, o incêndio de maior proporção até então atingiu o Grande Hotel, um hotel imponente e luxuoso da região central. As chamas não fizeram vítimas, mas consumiram todo o prédio que deu lugar, posteriormente, ao famoso marco cultural belo-horizontino: o Edifício Maletta.

Somente em 1911 foi que a Seção de Bombeiros foi criada e onze guardas civis foram enviados ao Rio de Janeiro para serem treinados como bombeiros e apenas alguns anos mais tarde, com a segunda leva de enviados para o Rio de Janeiro, é que o corpo de Bombeiros de fato tomou forma, ainda que enfrentando grandes dificuldades de infraestrutura como falta de água e falta de equipamentos. 

Se quiser saber mais sobre a história do Corpo de Bombeiros em Minas Gerais, você pode encontrar no livro “Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais: cem anos de história e reflexão 1911-2011”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORPO DE BOMBEIRO MILITAR DE MINAS GERAIS. Corpo de bombeiros militar: 100 anos de história e reflexão 1911-2011. Belo Horizonte: Rona Editora, 2013.

Compartilhe nas mídias:

As mais lidas:

Pular para o conteúdo