Grande Otelo: presente!

Você sabe quem foi Sebastião Bernardes de Souza Prata? Tenho certeza que você já ouviu o nome dele ao menos uma vez na vida, mas talvez você ouviu com o nome “Grande Otelo”! Lembrou, ne?! O Grande Otelo foi um ator e compositor que nasceu em 18 de outubro de 1915 na cidade de Uberlândia e ainda bem criança se voluntariou para o circo em 1923. Segundo Felipe Canêdo, “durante uma cena, [Otelo] tomou um tombo e deixou cair parte da indumentária, e a plateia gargalhou”, o que deu ao menino o futuro da comicidade.

 

Tendo uma infância difícil, Sebastião Bernardes já havia perdido o pai, vítima de um assassinato, e a mãe, alcoólatra, trabalhava de doméstica, quando, em 1924, ele partiu com o circo para São Paulo e lá conheceu, de fato, o que é ser negro no Brasil, um país que vive sob o véu da “democracia racial”. Antes de ser adotado pela família do político Antônio de Queiroz, vivia sob o teto de Abigail de Parecis, uma cantora lírica que ficara encantada por seu talento. Ela o colocou como guarda da filha e, mesmo o deixando atuar em algumas peças de teatro, ela exigia dele coisas que não respeitavam sua pouca idade. Parecis o abandonou em um juizado de menores e só aí ele foi adotado pela família Queiroz que o possibilitou, dentre outras coisas, aprender línguas estrangeiras como inglês, francês e espanhol.

 

No que diz respeito a sua vida artística, pode-se dizer que a carreira começou a crescer ainda na década de 1920, quando Sebastião participou da “Companhia Negra de Revistas” cujo maestro era Pixinguinha. Na década de 1930, Jardel Jércolis o levou para sua companhia de teatro e é neste período que Sebastião passou a estudar canto na Ópera Lírica Nacional, pegando o nome do personagem shakespeariano para si. Foi o início de uma longa trajetória de sucesso tendo, inclusive, apresentado a diversidade cultural brasileira para o público estadunidense devido sua atuação no filme “It’s all true” [É tudo verdade], produzido por Orson Welles em 1945.

 

No cenário nacional, Otelo atuou em “Rio, Zona Norte”(1957) de Nelson Pereira dos Santos e, entre outros papeis, ele foi “Macunaíma”, na peça de Joaquim Pedro de Andrade em 1969 que levava para o teatro, a famosa obra de Mário de Andrade. O papel de Paulo José nesta peça lhe rendeu o prêmio de melhor ator pelo Instituto Nacional de Cinema. Neste mesmo ano, Otelo foi ainda premiado como melhor ator no IV Festival de Cinema de Brasília, no Prêmio Coruja de Ouro, e no Prêmio Air France.

 

Foram 118 filmes feitos, também, com os conhecidos improvisos de Otelo, que além de ator, era compositor com canções interpretadas por Constantino Silva e sua alegria se tornou símbolo de seu nome. Sebastião Bernardes de Souza Prata faleceu em 1993, vítima de uma parada cardíaca em Paris, quando foi receber o prêmio no Festival de Nantes. O Grande Otelo é, entretanto, imortal.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, Mariane. ‘Melhor ator do Brasil’: Grande Otelo completaria 108 anos de nascimento nesta quarta-feira. In: Alma Preta Jornalismo. 2023. Disponível em: https://almapreta.com.br/sessao/cotidiano/melhor-ator-do-brasil-grande-otelo-completaria-108-anos-de-nascimento-nesta-quarta-feira/ Acesso em 27 maio 2024.

BARDUCO, Julia. Trinta anos sem Grande Otelo: conheça a luta nos bastidores da história do criador e ator. In: G1 Triângulo. Uberlândia, 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2023/11/26/trinta-anos-sem-grande-otelo-conheca-a-luta-nos-bastidores-da-historia-do-criador-e-ator.ghtml Acesso em: 27 maio 2024.

CANEDO, Felipe. Grande Otelo. In: ANTUNES, Américo. (Org.). Histórias para não esquecer: 200 vidas mineiras. Belo Horizonte: Stratégia Cultura e Comunicação, 2022. 270 p.

Compartilhe nas mídias:

As mais lidas:

Pular para o conteúdo